Pireneus Vinhos e Vinhedos

A Pireneus Vinhos e Vinhedos é uma vinícola inovadora ! Ninguém até hoje resolveu plantar vinhas em um lugar tão peculiar como no planalto central. Os vinhedos no Brasil estão localizados no Sul, Vale do Paraíba, Santa Catarina, etc... mas nunca houve algum por aqui. Mesmo com tantas dificuldades, o sonho de um apreciador de vinhos começou a tomar forma há alguns anos atrás...

Quando ouvi falar dessa vinícola tão perto de casa decidi que iria conhecê-la, sem dúvida ! Aproveitei o Carnaval que iríamos passar em um hotel fazenda (Paraíso dos Sonhos) bem perto para conhecê-la!


OBS.: As informações de preços são de Fev/2017. Podem estar desatualizadas !

Vinhos

A vinícola goiana fabrica 3 rótulos: Terroir Barbera, Banderas e Intrépido.

O Terroir Barbera possui em sua composição original 85% de uva barbera, 10% tempranillo e 5% de sangiovese. É um vinho mais jovem, leve e macio. Foi premiado já em várias revistas como um dos cem melhores do mundo e também um dos três melhores do Brasil acima de R$ 60,00. Hoje o Terroir Barbera custa R$ 100,00 e pode ser encontrado em alguns lugares por perto e na vinícola.

Devido à excelente safra do ano passado, a vinícola resolveu fabricar um vinho especial, chamado Bandeiras. Este é composto de 100% Barbera e ainda está em produção, não tendo ainda prazo para lançamento (possivelmente final do ano) e nem preço definido. Mas o Marcelo já adiantou que foram produzidas poucas unidades e que toda a produção já foi vendida.

Já o Intrépido é um vinho mais forte, mais encorpado, envelhecido. É composto originalmente de 87% Syrah e 13% tempranillo, mas hoje é fabricado com 100% Syrah. É um vinho complexo, que harmoniza bem com carnes fortes. O preço dele é de R$ 170,00.

O Tour

Tudo começa com os contatos por email. A Adriana é muito simpática e paciente. Quando decidimos ir a um hotel fazenda ali perto, logo a contactei para agendar uma visita à vinícola, mas as visitas estavam cheias para o carnaval. Fiquei boquiaberto, não imaginava que estivessem assim tão cheios. Mas isso deve-se pelos motivos que já explico:

A visita na vinícola não consiste apenas em entrar e conhecer o vinhedo. A proposta deles é muito mais interessante, algo que eu costumo fazer sempre que tenho oportunidade. O tour consiste em: conhecer a propriedade, os vinhedos e depois ter um almoço completo e harmonizado em um espaço na casa. É um tour mais privado do que comercial, pois é composto de poucas pessoas e com o almoço todos se conhecem melhor. Além disso normalmente oferecem apenas um tour por semana, no domingo, para até 20 pessoas. Existe um projeto para ampliação do lugar.

Os pratos são escolhidos com muito cuidado, quem cozinha é a própria Adriana, que largou o diploma de Analista de Sistemas e se formou em Gastronomia. Você escolhe com antecedência o que deseja e eles oferecem também opções para vegetarianos, assim como um preço diferenciado para quem não bebe vinho, como a Cris que vai me acompanhou neste passeio. 

Mesmo com a agenda cheia, a Adriana deixou meu nome em uma lista de espera para que, em caso de desistência, nos encaixaria. Uma semana antes, devido à demanda (possivelmente por causa do Carnaval), eles resolveram criar outra turma no sábado de carnaval e é claro que eu aceitei prontamente minha colocação nela. 

Chegamos mais ou menos às 10:30, horário marcado para início do tour. A Adriana nos enviou  um e-mail com o mapa para chegarmos com segurança, mas seguimos o curso marcado pelo Google Maps e não tivemos problemas.

A Adriana nos informou que os aplicativos mandam entrar em uma entrada errada se você estiver vindo de Brasília, então cuidado !

O caminho para lá é fácil, a entrada é marcada por um poste com um pneu de trator pintado em branco bem alto com uma placa: Fazenda Santa Rosa. Não existe nada mais indicando a vinícola (que é nessa fazenda), pois todas as placas que colocaram acabaram sendo furtadas. A partir dali, são mais ou menos 10km de estrada de chão, a maioria muito boa com alguns pedaços onde deve-se tomar muito cuidado. Todo o caminho é marcado por placas de setas e indicações da Fazenda Santa Rosa. 

O mapa fornecido é importante para não se perder, pois por lá pegar sinal de celular é difícil, muito menos 3G. 

Chegando lá somos recebidos pela própria Adriana, que nos acolheu muito bem. O Marcelo já parece uma pessoa mais recatada, ficou no canto dele. O lugar é muito acolhedor, tudo gramado com uma varanda para o almoço e decorado cuidadosamente. Uma velha casa típica da região é usada como sede da vinícola, e lá estão localizadas as caixas com os vinhos e é onde também eles utilizam a cozinha para o almoço.

O vinhedo fica localizado a 700m da sede, depois de um grande reservatório de água.

O local estava preparado, com 3 grandes mesas já prontas para nosso almoço. Esperamos todos chegarem (nem todos, caso estejam demorando muito) e a Adriana começa com explicações sobre toda a história deles, das dificuldades em montar a vinícola, como energia insuficiente para montar a fábrica lá mesmo (a fábrica de vinhos fica em Cocalzinho de Goiás), impostos aplicados, maquinário e matéria prima (rolhas, rótulos, barricas, maquinário, leveduras, etc...) inexistentes por aqui, etc... tudo isto contribui para dificultar a produção dos vinhos em um local tão pouco convencional.

Terminadas todas as explicações básicas, nos dirigimos ao vinhedo, que está a mais ou menos 700m, do outro lado de um reservatório de água. O caminho é pouco, mas debaixo do sol que fazia não era nada fácil. Cris e Bia foram de carro com a Adriana junto com outra mãe e filho. Lá, mais explicações sobre o plantio, sobre o solo e problemas que tiveram até que conseguissem uma boa plantação no cerrado. Neste dia, as uvas ainda não haviam nascido, estavam secas, pois estavam na entre-safra. A época da vindima aqui é entre agosto e setembro.

Almoço

Voltamos para a varanda, onde começamos "os trabalhos".

Como aperitivo, a Adriana nos trouxe um prato com diversos canapés de massa folhada e patê de salmão defumado. Uma delícia !

Para acompanhar, um vinho rosé de fabricação própria, ainda não comercializado, nem mesmo rótulo ele tem. Foi fruto de uma mini safra de uvas de uma entre-safra. Este ano esta chamada "safrinha" não teve sucesso por causa do clima que não colaborou para que as uvas crescessem.

Continuamos a excelente conversa com a Adriana sobre todos os aspectos do vinho, dos pratos e do almoço. Neste momento então, sai o Marcelo recatado e entra a pessoa que mostra porque tudo isso foi possível. Marcelo, para falar sobre sua paixão, não mede palavras e mostra que sabe do que está falando. Nos explica toda sua história na produção dos vinhos produzidos, as características de cada um, as misturas experimentadas, etc... você então entende tudo sobre o vinho que você está experimentando.

O segundo vinho servido foi o Barbera da linha Terroir. Marcelo serviu a todos um delicioso vinho que harmonizou muito bem com outro prato elaborado e feito pela Adriana: uma Quiche de Pato.

Depois de todos satisfeitos e muito papo entre todos, Marcelo vem com o vinho carro chefe deles, o Intrépido, hoje feito com uvas 100% Syrah, a Adriana nos serve um Ossobuco com polenta que estava delicioso. Os dois harmonizaram perfeitamente, e até eu que acho a uva Syrah muito forte gostei demais da combinação e o vinho foi tomado tranquilamente.


E para finalizar o almoço, uma deliciosa sobremesa:

Torta de chocolate com geleia de Barbera.

Antes da volta, claro que não podia deixar de tirar uma foto com esses dois intrépidos, que conseguiram transformar seus sonhos em realidade ! Levei 1 garrafa de cada vinho e muitas boas lembranças desse dia. O caminho de volta também foi de muita chuva, com direito a tanto barro no caminho para fazer o carro dançar em várias partes.